quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Psicologia


Certo dia estava discutindo sobre psicologia com um senhor amigo. No alto de seus 60 anos ele dizia que de nada servia a psicologia nem os psicólogos. Que para resolver angústias internas basta tomar um porre e desabafar com um amigo. Feito isso, suas frustrações iam embora sem deixar rastro. Eu discordo completamente. Não dá para desprezar a ciência. Pessoas dedicam cinco anos de estudo para compreender a mente e o comportamento humano. O homem não é tão auto-suficiente assim.
Existem problemas que, de tão embaraçosos que são, não são contados para ninguém, nem mesmo para seu cachorro e muito menos para aquele seu amigo fiel. Creio que o psicólogo não resolva problemas, mas ele mostra os caminhos, indica as trilhas para encararmos o que nos atordoa. O psicólogo é um andarilho solitário que vaga pelo deserto sinuoso e obscuro que é o cérebro humano.
Um velho calejado que anda apoiado num cajado, e, munido de lupa de precisão, é capaz de investigar as cavernas mais profundas, as vielas mais estreitas, capaz de chafurdar o inconsciente e buscar pistas relevantes em lugares nunca dantes habitados. Nada fica para trás. Tudo é minuciosamente estudado, como um restaurador de peças de arte. Ele é um ermitão da mente humana.
Acredito que a personalidade é uma casa que a pessoa constrói, sozinha, ao longo de toda sua vida. Nenhuma outra casa é construída por apenas uma pessoa, somente no cérebro isso ocorre. É devido a essa dificuldade que certas pessoas preferem construir casas de madeira e não de tijolo.
O psicólogo é uma espécie de mestre de obras que auxilia as pessoas a tocar essa obra tão penosa. Ele indica em qual cômodo está faltando chão, aonde precisa consertar o teto, quais portas devem ser abertas e quais janelas devem ser fechadas.
Tem coisas na vida que são exteriores a nós, nos pegam de surpresa e nos impedem de continuar a obra com serenidade. "Só o autoconhecimento expulsa os demônios das pessoas" (acho já li frase semelhante em algum muro da cidade). Bom, para quem acha que, pouco a pouco, está sendo dominado pela loucura ou que sua obra está preste a desmoronar, porque não recorrer a ajuda dessa ciência tão fascinante? Conheço uns psicólogos bem baratinhos. E vocês, o que acham dessa ciência?

* texto publicado em 5 de julho de 2007 no www.sobrecasaca.blogspot.com – um blog que divido com amigos. Visitem.

7 comentários:

Anônimo disse...

Oi, lucas! Coisa boa é vem ver gente jovem e inteligente tomando inicitivas assim: criando espaços para escrever, para pensar. Provocando debates, expondo idéias. Parabéns e sucesso. Até a próxima visita! dois beijos, a.

Anônimo disse...

Acho que a Psicologia é a ciência humana mais interessante. Conhecer o cérebro humano é o maior dos conhecimentos. E, possivelmente, o maior dos desafios. Esse texto é muito bom!
Absss!

Anônimo disse...

Adorei a analogia do andarilho e o velho com um cajado...
Mas o melhor é o mestre de obras, que "ajuda a tocar essa obra tão penosa".....
Aposto que suas 3 psicólogas preferidas estão orgulhossímas...rsrsrs
Bjs

Anônimo disse...

Eu adoro esse texto! Não só por vc falar de psicologia, mas, principalmente, pela sua sensibilidade de compreendê-la. Tem gente que acha que a psicologia é uma balela,uma fraude, não adianta em nada.
Ainda bem que existem pessoas esclarecidas como vc.
Beijos

Evelin Pestana disse...

Bom texto! Algumas idealizaçoes, mas, quem nao as tem? Só acho que faltou dizer - e o autor nao poderia saber disso!- que o maior trabalho do psicologo (quando ele pretende ser bom ...)é consigo mesmo! E sua mais forte qualidade nao deve ser o que ele "sabe". Ele precisa gostar de gente! Gostar muito! Evelin Pestana

Sem disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Karcio Sángeles disse...

Muito Bom ler coisas assim parabéns!!!


Acesse: http:\\palcodamente.blogspot.com