Há 11 anos
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
Psicologia
Certo dia estava discutindo sobre psicologia com um senhor amigo. No alto de seus 60 anos ele dizia que de nada servia a psicologia nem os psicólogos. Que para resolver angústias internas basta tomar um porre e desabafar com um amigo. Feito isso, suas frustrações iam embora sem deixar rastro. Eu discordo completamente. Não dá para desprezar a ciência. Pessoas dedicam cinco anos de estudo para compreender a mente e o comportamento humano. O homem não é tão auto-suficiente assim.
Existem problemas que, de tão embaraçosos que são, não são contados para ninguém, nem mesmo para seu cachorro e muito menos para aquele seu amigo fiel. Creio que o psicólogo não resolva problemas, mas ele mostra os caminhos, indica as trilhas para encararmos o que nos atordoa. O psicólogo é um andarilho solitário que vaga pelo deserto sinuoso e obscuro que é o cérebro humano.
Um velho calejado que anda apoiado num cajado, e, munido de lupa de precisão, é capaz de investigar as cavernas mais profundas, as vielas mais estreitas, capaz de chafurdar o inconsciente e buscar pistas relevantes em lugares nunca dantes habitados. Nada fica para trás. Tudo é minuciosamente estudado, como um restaurador de peças de arte. Ele é um ermitão da mente humana.
Acredito que a personalidade é uma casa que a pessoa constrói, sozinha, ao longo de toda sua vida. Nenhuma outra casa é construída por apenas uma pessoa, somente no cérebro isso ocorre. É devido a essa dificuldade que certas pessoas preferem construir casas de madeira e não de tijolo.
O psicólogo é uma espécie de mestre de obras que auxilia as pessoas a tocar essa obra tão penosa. Ele indica em qual cômodo está faltando chão, aonde precisa consertar o teto, quais portas devem ser abertas e quais janelas devem ser fechadas.
Tem coisas na vida que são exteriores a nós, nos pegam de surpresa e nos impedem de continuar a obra com serenidade. "Só o autoconhecimento expulsa os demônios das pessoas" (acho já li frase semelhante em algum muro da cidade). Bom, para quem acha que, pouco a pouco, está sendo dominado pela loucura ou que sua obra está preste a desmoronar, porque não recorrer a ajuda dessa ciência tão fascinante? Conheço uns psicólogos bem baratinhos. E vocês, o que acham dessa ciência?
* texto publicado em 5 de julho de 2007 no www.sobrecasaca.blogspot.com – um blog que divido com amigos. Visitem.
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7 comentários:
Oi, lucas! Coisa boa é vem ver gente jovem e inteligente tomando inicitivas assim: criando espaços para escrever, para pensar. Provocando debates, expondo idéias. Parabéns e sucesso. Até a próxima visita! dois beijos, a.
Acho que a Psicologia é a ciência humana mais interessante. Conhecer o cérebro humano é o maior dos conhecimentos. E, possivelmente, o maior dos desafios. Esse texto é muito bom!
Absss!
Adorei a analogia do andarilho e o velho com um cajado...
Mas o melhor é o mestre de obras, que "ajuda a tocar essa obra tão penosa".....
Aposto que suas 3 psicólogas preferidas estão orgulhossímas...rsrsrs
Bjs
Eu adoro esse texto! Não só por vc falar de psicologia, mas, principalmente, pela sua sensibilidade de compreendê-la. Tem gente que acha que a psicologia é uma balela,uma fraude, não adianta em nada.
Ainda bem que existem pessoas esclarecidas como vc.
Beijos
Bom texto! Algumas idealizaçoes, mas, quem nao as tem? Só acho que faltou dizer - e o autor nao poderia saber disso!- que o maior trabalho do psicologo (quando ele pretende ser bom ...)é consigo mesmo! E sua mais forte qualidade nao deve ser o que ele "sabe". Ele precisa gostar de gente! Gostar muito! Evelin Pestana
Muito Bom ler coisas assim parabéns!!!
Acesse: http:\\palcodamente.blogspot.com
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